quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Perimquimpero


A amável confraternização da última quarta-feira foi superiormente convocada pelo Caló com uma apelativa mensagem de telemóvel que, depois de referir prova gustativa, dizia que o cozido de grão no osso de presunto estava de assobios. Compareceram à hora marcada - o serviço seria a partir das 19,30 h - este que está escrevendo, o Botas, que vinha da sua hora de marcha no estacionamento do Teatro Municipal e o Jorge Leiria que teve de deslocar-se a casa, por problemas na canalização. O Grosso viria muito mais tarde, artilhado de azeitona preta, pequena, feita a gosto dos tertuliantes presentes, que logo colocaram de lado a azeitona britada, salgada para a idade do pessoal, que o taberneiro serviu nas entradas, juntamente com queijinho fatiado e torresminhos fritos a preceito. É pouco bom, é!

Bastou pequena troca de palavras para se verificar que o Caló não havia provado o grão, nem nada que se parecesse, pois o rapaz estava ainda a contas com o cozido à portuguesa, com todos os matadores, material do combate que teve ao almoço.

Estaria também às voltas com a canalização...

Convenhamos que para rapaziada já a caminho dos 60, dois combates num mesmo dia com tais ingredientes deixam qualquer um em estado de prostração, só de pensar na trabalheira digestiva que os produtos exigem.


Foi servido o grão...Divinal...Nem o pequeno toque de ranso lhe faltava... O Jorge procurava com afã o toucinho da papada que cortava em fatias finas, com a naifa da tertúlia. Depois colocava no pão, espremia com o garfo e deliciava-se, apesar da contínua necessidade do recurso à limpeza sudorífica com que andropausa espreitadora vai chateando um homem quando menos se espera...


Entretanto chegou o Caló. A cara de sofrimento com que se apresentou logo se aliviou quando, já em hora de sobremesa se passou aos digestivos. Não perdoou o whisky da praxe, apesar de ter em cima da mesa um Brandy Borges, seguramente com 40 anos, que este escriba apresentou.


Já na hora da debandada claro que apareceu a viola. Aí, depois de um fado coimbrão superiormente cantado pelo Grosso, com dedilhados sevilhanos, recitei a grande quadra pinguça, que me faz sempre lembrar o meu amigo Cerdeira


-Se los rios fueram viño

-Aguardente todo el mar

-yo no me quedaria em terra

-yo me iria a navegar.

(O espanholês deve estar mal. Paciência. Conta a intenção.)


O taberneeiro João vai-se aproximando põe aquele braço cúmplice no meu ombro e, chegado o momento do refrão, entra com toda a cagança:


perimquimpero, perim, perim

perimquimpero, perim, perim..

......

E a malta olhou-se e lá foi inovando no perom pom pom...


Só falta ilustrar.


Augusto Miranda


PS: Botas, a colocação do post do vinho-medicamento deu uma trabalheira maluca. Tive de frequentar uma acção de formação.



...-

1 comentário:

  1. Moss Caló, quando ilustrares, corrige a prache do whisky. O acordo ortográfico continua a "praxar".
    Augusto

    ResponderEliminar