quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Não posso receitar outro marido...


Hesitei no título e confesso que também na publicação. Mas que há serviços que funcionam bem, há! E há que dizê-lo.
Ontem, dia 15, arranquei para Lisboa, pelas 13,30 h, pois tinha que fazer um exame no Hospital de Santa Maria pelas 17 h, devendo comparecer meia hora antes. Assim foi. Para meu espanto, às 17, justamente às 17 h, o meu nome soa no altifalante que todos os que já passaram pelos hospitais públicos identificam com as urgências e as consultas externas. Lá fui fazer o exame. Espirometria, capacidade vital, mecânica ventilatória, capacidade de difusão do CO2, oximetria...Uma técnica jovem, bonita, simpática, que eu senti bem com o que fazia, animava-me e puxava por mim para dar tudo o que tinha, para que os resultados do exame fossem o mais fiáveis possivel. Idade, peso, há quanto tempo fuma, quantos cigarrros por dia?....Lá fui respondendo...No fim, à pergunta sacramental - como estamos? - foi dizendo que as coisas não estavam famosas, mas que para quem tanto fumou e durante tanto tempo, até podiam estar piores. Lá nos despedimos com um "foi um prazer", estranho para quem se conheceu por motivos de doença. Talvez não. De um lado quem se sente bem com o que faz. Do outro alguém que, em momento de alguma fragilidade, sente que nem "tudo vai mal no reino da Dinamarca".
Bom, lá fiquei com os resultados dos exames, altamente técnicos, para mostrar ao médico, no dia seguinte. Consulta marcada para as 12,30 h.
Compareci às 12h, conforme me foi transmitido aquando da marcação. Marquei presença e fui sentar-me na sala de espera, lendo as últimas do Diário de Nitícias e do Record, jornais cuja leitura diária vai fazendo partes de alguns dos "quase vícios" de que me não quero libertar, já que alguns vícios outros me obrigam a deixar, apontando-me com a espada do tal gajo que era súbdito de um monarca de Siracusa.
Às 12,30 horas, lá se ouviu o meu nome num altifalante igualzinho ao do dia anterior, embora a sala de espera fosse agora 6 pisos abaixo, na prumada da primeira. À hora marcada, mais uma vez... Comentei com a minha mulher a eficiência dos serviços, num Hospital com aquela dimensão...O título devia trazer à baila o facto de ainda haver serviços que, no meio de tudo aquilo que se passa actualmente no país, têm funcionamento de excelência.
E só há livro de reclamações...
O médico, professor da Faculdade de Medicina, o tal que à hora exacta lá estava, viu todos os exames que fiz, auscultou-me e lá veio com a sentença de que havia que decidir entre o tabaco e a vida com alguma qualidade. Fumando, o tal enfizema irá galgando rapidamente. Sem fumo, lá se vai aguentando. Receitou-me o habitual em casos que tais...Terei que snifar uns pós para o resto da vida, para ajudar à função respiratória. Tudo bem...
A minha mulher, assistindo a tudo, vai colocando questões.
O meu marido gosta muito de sair à noite e no Algarve muitas vezes a humidade é manifesta, não será prejudicial? No verão passamos férias na praia e lá está ele na conversa e bebendos uns copos com amigos pela noite dentro, com cacimba a montes, não será prejudicial? Agora, coordenador do Programa "Allgarve", com muitos espectáculos à noite, não devia repensar a situação?
O médico, com a postura tranquila de que só um sportinguista é capaz, olha para a São e diz:
- Minha senhora, um marido novo não lhe posso receitar..
Despedimo-nos até à próxima consulta, dia 11 de Março de 2011, pelas 9,30 horas. Lá espero estar...

Parabéns para o Botas.
Já posta..
Saia uma ilustração a preceito.

Augusto

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