quarta-feira, 21 de julho de 2010

Mais uma "quartafeiradeglória"


Hoje é mais uma "quartafeiradeglória". Aguardando as 7 badaladas vespertinas a que acudo descendo a rua em direcção à Adega Amável, quero dizer aos meus amigos que ela se iniciou bem cedo, perto de onde eu e o John Leão desfrutamos das delícias do estio barlaventino. Refiro-me a Vale de Centeanes, entre Lagoa e Carvoeiro. A jornada iniciou-se bem cedo, com uma partidinha de golfe no Gramacho (Grupo Pestana), eu e mais 7 amigos. Como essa coisa do golfe trato em blogue próprio (esfolagolfclub.blogspot.com)passemos à conversa de tertulianos. Após a partidinha que teve início às 7.50h, dirigimo-nos para casa de um filho de Olhão, grande negociante de peixe por atacado e para exportação. Sardinhas de Quarteira e Portimão (a primeira mais grada, mas do tamanho que agrada aos algarvios), besugo miúdo, parguetes, bicas, lulas, carapau. Tudo da nossa costa e do dia. Tintol de várias e boas marcas (alentejanos na maioria) e, para quem quisesse (foi o meu caso) um magnífico champagne (do franciú, pois claro!)que um amigo meu, e sócio do dono da casa, providenciou.Escusado será dizer que o bom medronho algarvio encerrava as hostilidades, ao qual eu não aderi, não pela estrada que tinha que galgar mas pelo champagne que me refrescava alma e garganta. O anfitrião era um típico olhanense, nado e criado no bairro do Bate Cú (não é só em Faro que existe). Foi proprietário de um "cabaret", nos anos 60/70, em Olhão, frente onde hoje é o mercado. Era o Bagdad. O terceiro a abrir numa série de "grandes casas", iniciada com a Romântica do Italiano Alberto, depois o Pescador, a seguir este Bagdad e, por fim, a Nave, onde ao fim de semana actuava o Marco Paulo, então a cumprir serviço militar em Beja. Tenho duas cenas no Bagdad de onde me saí sempre mal. A primeira com o ainda vivo Manuel de Oliveira, então o treinador de futebol do Farense. Era contestado pelos apoiantes do Reina (levara o Farense à 1ª divisão), entre os quais eu me contava e, sobretudo, pelo Dr. Cassiano que o acusava de dopar os jogadores. Não sei porque motivo, talvez copos a mais, o mister Oliveira embirrou comigo, chamando-me "Cassianito", quiçá por confundir-me com um dos filhos do distinto médico. Empurrão daqui, grito de acolá, confusão... e o homem não me saca de uma pistola e ameaça-me? Não me borrei porque não tive tempo. Fui transportado no ar para a rua, tendo o enfurecido treinador permanecido no estabelecimento, talvez pelos cocktails e garrafas de espumante que estavam por pagar e que as alternadeiras iam derramando por debaixo da mesa. Tempos depois dirigi-me novamente àquela nobre casa. Marcado como estava pelo porteiro, foi-me vedada a entrada. Nos meus imbecis 17 ou 18 anos, levanto a grimpa, saco do cartão da Berlitz (listado na diagonal a verde e vermelho) e aponto-o à face do matulão acompanhado de um "Sabe quem eu sou?". Só me recordo do soco (mais parecia um coice) que levei, indo para ao meio da estrada. E lá recolhi a penates, com o rabo entre as pernas e a frustração de não dançar com a Maria, uma alentejana roliça e bonitinha que por ali atacava.
Voltemos ao petisco de Centeanes. A coisa terminou em beleza, com a presença de um popular artista de "musicól",Dino da Conceição, cujo cartão de visita se publica. Com um currículo curioso (jogou no Portimonense no tempo do Alexandrino e já foi à televisão no programa "Preço Certo") o homem tinha um reportório de grande variedade e dotes de imitador, que fizeram a alegria dos presentes: fados do Marceneiro, do Farinha, do Carlos Ramos e, imaginem, do Joaquim Cordeiro!
Mas, passe a modéstia, quem fez a assistência vibrar foi cá o vosso amigo com o nosso hino não oficial "Casei, tive um menino".
E até logo que já são um quarto para as sete.

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